A intenção deste Blogue é demonstrar que é possível partilhar com outros intervenientes designadamente alunos, educadores e cidadãos comuns, quer ao nível local quer ao nível internacional.
"No seguimento das propostas e desafios que lançámos na Newsletter de janeiro no sentido de tornar esta plataforma de comunicação cada vez mais um espaço de partilha, inspirador de ideias e porventura um contributo para boas mudanças de práticas, recordamos nesta edição as palavras sábias de Ana Maria Ferrão sobre o cantar no jardim de infância, como espaço de prazer, arte e educação. O triangular destas dimensões do cantar, que poderiam ser não só do cantar mas da música em geral, permite-nos estruturar uma reflexão sobre o ensino da música e perceber as interações e dependências entre prazer, arte e educação, termos tantas vezes usados e até banalizados na comunidade musical e que aqui são colocados como ponto de partida para perspetivar uma reflexão. A Educação, entendida no quadro da educação formal e escolaridade obrigatória e como processo de ensino e aprendizagem que prepara as pessoas para futuros desconhecidos, imprevisíveis e que apenas são palavras, para citar Wayne Bowman (2012), inclui a música como parte da educação de todas as crianças, assentando em duas assunções para a sua justificação: (1) a música contribui para qualquer coisa única e essencial à vida humana e (2) esse “qualquer coisa” não pode ser alcançado apenas através de um ambiente musical de exposição à música ou experiência musical, requerendo uma educação formal. Não querendo dizer que essa educação musical formal não recolha ensinamentos da experiência e atividade musical não formal. A Arte, aqui focada na música como arte performativa, tal como repetidamente refere David Elliott (1995) assenta, segundo o autor, em três princípios: (1) para ser plenamente realizada a música deve ser tocada/ cantada/ interpretada por alguém, em qualquer lugar, de alguma forma; (2) a música é uma arte social centrada à volta da performance; e (3) a música deve ser uma arte social, participativa. O Prazer entendido como um sentimento agradável que nasce em nós, como alegria, contentamento, gosto, desejo, cruza-se com o conceito de “resposta estética”, termo polémico mas empregue na investigação em educação musical, teoria e prática quando se pretende descrever ou definir a natureza do saber musical, experiência e apreciação/juízo, como refere Margaret S. Barrett (2006). As práticas musicais e artísticas provocam inevitavelmente emoções sejam positivas ou negativas pelo que a sua existência num contexto educativo não deverá ser alheia a uma reflexão, diálogos e conversas com todos os protagonistas dessas práticas, podendo assim contribuir para a iluminação de aspetos a melhorar, assim como para o exercício de uma cidadania mais culta e crítica. Assim, considero que a educação musical terá sentido e cumprido um propósito quando for um espaço de vivências e experiências singulares, positivamente marcantes para todos os intervenientes e intencionalmente enriquecedoras da pessoa como “humanidade individual” na definição de Mia Couto. E são as práticas musicais constituídas como práticas artísticas que dão corpo a esse espaço único de prazer, arte e educação".
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"No seguimento das propostas e desafios
que lançámos na Newsletter de janeiro no
sentido de tornar esta plataforma de
comunicação cada vez mais um espaço de
partilha, inspirador de ideias e porventura um
contributo para boas mudanças de práticas,
recordamos nesta edição as palavras sábias
de Ana Maria Ferrão sobre o cantar no jardim
de infância, como espaço de prazer, arte e
educação.
O triangular destas dimensões do cantar, que
poderiam ser não só do cantar mas da música
em geral, permite-nos estruturar uma reflexão
sobre o ensino da música e perceber as
interações e dependências entre prazer, arte e
educação, termos tantas vezes usados e até
banalizados na comunidade musical e que
aqui são colocados como ponto de partida
para perspetivar uma reflexão.
A Educação, entendida no quadro da
educação formal e escolaridade obrigatória e
como processo de ensino e aprendizagem
que prepara as pessoas para futuros
desconhecidos, imprevisíveis e que apenas
são palavras, para citar Wayne Bowman
(2012), inclui a música como parte da
educação de todas as crianças, assentando
em duas assunções para a sua justificação: (1)
a música contribui para qualquer coisa única e
essencial à vida humana e (2) esse “qualquer
coisa” não pode ser alcançado apenas através
de um ambiente musical de exposição à
música ou experiência musical, requerendo
uma educação formal. Não querendo dizer
que essa educação musical formal não
recolha ensinamentos da experiência e
atividade musical não formal.
A Arte, aqui focada na música como arte
performativa, tal como repetidamente refere
David Elliott (1995) assenta, segundo o autor,
em três princípios: (1) para ser plenamente
realizada a música deve ser tocada/ cantada/
interpretada por alguém, em qualquer lugar,
de alguma forma; (2) a música é uma arte
social centrada à volta da performance; e (3) a
música deve ser uma arte social, participativa.
O Prazer entendido como um sentimento
agradável que nasce em nós, como alegria,
contentamento, gosto, desejo, cruza-se com o
conceito de “resposta estética”, termo
polémico mas empregue na investigação em
educação musical, teoria e prática quando se
pretende descrever ou definir a natureza do
saber musical, experiência e apreciação/juízo,
como refere Margaret S. Barrett (2006). As
práticas musicais e artísticas provocam
inevitavelmente emoções sejam positivas ou
negativas pelo que a sua existência num
contexto educativo não deverá ser alheia a
uma reflexão, diálogos e conversas com todos
os protagonistas dessas práticas, podendo
assim contribuir para a iluminação de aspetos
a melhorar, assim como para o exercício de
uma cidadania mais culta e crítica.
Assim, considero que a educação musical terá
sentido e cumprido um propósito quando for
um espaço de vivências e experiências
singulares, positivamente marcantes para
todos os intervenientes e intencionalmente
enriquecedoras da pessoa como
“humanidade individual” na definição de Mia
Couto. E são as práticas musicais constituídas
como práticas artísticas que dão corpo a esse
espaço único de prazer, arte e educação".
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